sexta-feira, 15 de março de 2013

QUALIDADE DO AR INTERIOR
 
Como referi na semana anterior, o meu estágio irá passar essencialmente pela Qualidade do Ar Interior nos Centros de Saúde. Desta forma e após alguma pesquisa decidi deixar uma breve explicação do que consiste a Qualidade do Ar Interior, bem como os fatores que o podem influenciar, para que os leitores se possam inteirar melhor acerca desta temática.
 
Segundo a OMS, vários problemas de qualidade do ar interior são reconhecidos como importantes fatores de risco no que diz respeito à saúde humana, tanto nos países desenvolvidos como nos países em vias de desenvolvimento.
 
A população passa a maior parte dos seus dias em ambientes interiores, tais como em suas habitações, nos locais de trabalho, em centros comerciais, creches, lares de idosos, serviços de saúde, entre outros.
Cada vez mais se torna preocupante a qualidade do ar interior na saúde pública, devido ao facto de que nesses espaços interiores, o desenvolvimento de microrganismos, o uso de produtos de limpeza, a existência de materiais e equipamentos poluentes, a própria ocupação humana e a deficiente ventilação e renovação do ar, são alguns dos contributos para que tanto o número de poluentes como a sua concentração sejam, em geral, muito mais elevados do que no ar exterior.
A poluição do ar interior, afeta grupos que são particularmente vulneráveis, devido ao seu estado de saúde e/ou idade, como as crianças, idosos, asmáticos, entre outros.
Nas causas possíveis que podem estar na origem dos problemas associados á Qualidade do Ar Interior destacam-se as fontes de odores e contaminantes (ex. produtos de limpeza), a ocupação humana, a conceção, funcionamento e manutenção do sistema AVAC (aquecimento, ventilação e ar condicionado).
Por todas as situações supracitadas, torna-se cada vez mais preocupante e tem-se destacado mais atenção para os problemas da Qualidade do Ar Interior. No entanto, o controlo das fontes de contaminação é, de um modo geral, o meio mais eficiente a utilizar para melhorar a Qualidade do Ar Interior.
 
Em que consiste a Qualidade do Ar Interior?
A Agência Portuguesa do Ambiente define Qualidade do Ar Interior como “as características químicas, físicas e biológicas do ar interior não residencial, em locais de trabalho, ex: gabinetes, etc., espaços públicos interiores, não incluindo espaços interiores industriais ou na presença de operações que possam afetar o conforto ou saúde do ocupante.”
 
Fatores que afetam a Qualidade do Ar Interior
Num edifício a qualidade do ar interior resulta da interação da sua localização, do clima, do sistema de ventilação, das fontes de contaminação, bem como do número de indivíduos que ocupam o mesmo. Desta forma, na tabela seguinte estão alguns fatores que afetam a qualidade do ar e a sua principal fonte de contaminação.
 
Tabela I - Fatores e Fontes que afetam a Qualidade do Ar Interior
Fator 
  Fonte
Temperatura e valores extremos de humidade
Colocação imprópria dos dispositivos de medição (termostatos), deficiente controlo da humidade, incapacidade do edifício de compensar extremos climáticos, número de equipamentos instalados e a densidade de ocupação.
Dióxido de Carbono (CO2)
Número de pessoas, queima de combustíveis fósseis, gás, aquecedores, entre outros.
Monóxido de Carbono (CO) 
Emissões de veículos (garagens, entradas de ar), combustão, fumo do tabaco.
Formaldeído
Madeira prensada, contraplacado não selado, isolamento de espuma de ureia – formaldeído, tecidos, cola, carpetes, mobiliário, papel químico.
Partículas
Fumo, entradas de ar, papel, isolamento de tubagens, resíduos de água, carpetes, filtros de AVAC, limpezas.
Compostos Orgânicos Voláteis (COVs)
Fotocopiadoras e impressoras, computadores, carpetes, mobiliário, produtos de limpeza, fumo, tintas, adesivos, calafetagem, perfumes, laca, solventes.
Ventilação Inadequada (ar exterior insuficiente, deficiente circulação)
Medidas de poupança de energia e manutenção, má conceção do projeto do sistema de AVAC, operação deficiente de funcionamento, alteração do sistema de funcionamento do AVAC pelos ocupantes, conceção desajustada dos espaços em avaliação.
Matéria microbiana
Água estagnada em sistemas de AVAC, materiais molhados e húmidos, desumidificadores, condensadores das torres de arrefecimento (chillers), torres de refrigeração.
APA – Agencia Portuguesa do Ambiente
 
Efeitos na saúde de deficiente Qualidade do Ar Interior
Um dos problemas da Qualidade do Ar Interior mais comentado é o da Síndroma dos Edifícios Doentes (SED), que consiste num “conjunto de sintomas relacionados com a exposição a químicos, a partículas ou a material biológico, que não podem ser relacionados com nenhuma causa específica, mas que é aliviada quando o ocupante sai do edifício.” (APA)
 
Os sintomas que se podem manifestar no ocupante de um edifício com deficiente Qualidade do Ar Interior são:
  • Manifestações nasais - irritação nasal com rinorreia e obstrução nasal;
  • Manifestações oculares - sensação de secura e irritação da membrana do olho;
  • Manifestações orofaríngeas - sensação de secura e irritação da garganta;
  • Manifestações cutâneas - pele seca e irritada;
  • Manifestações gerais - dores de cabeça, letargia generalizada e cansaço devido á falta de concentração.
 
Estes sintomas manifestam-se intensamente no local de trabalho e desaparecem quando se abandona o edifício. Algumas das manifestações duram o fim-de-semana, mas no período de férias todos eles desaparecem.
 
Medidas de Controlo para a melhoria da Qualidade do Ar Interior
Para terminar, deixo-vos com alguns exemplos de medidas que podem ser utilizadas como auxilio para a resolução de alguns problemas de poluição num ambiente interior. São então as seguintes:
·    Ajustar os níveis de ventilação à intensidade de utilização: ventilar com ar novo suficientes;
·    Reorganização interior dos espaços de forma a posicionar os espaços de maior densidade de ocupação em zonas em que seja possível providenciar os níveis de ventilação recomendados;
·    Instalação de dispositivos que permitam uma abertura controlada das janelas de forma a permitir níveis de ventilação confortáveis;
·    Promover a ventilação do edifício em períodos de baixa ocupação (ex.: manhã cedo, hora do almoço, etc.);
·    Se possível, assegurar a limpeza do edifício ao fim da tarde, sendo seguida de uma intensa ventilação;
·    Dispor de acessos adequados aos componentes do sistema para a sua inspeção, limpeza e reparação;
·    Instalar filtros adequados para controlar a entrada de partículas e substitui-los regularmente;
·    Garantir tanto quando possível, a estanquidade das ligações ao nível da rua entre o edifício e o exterior (ex.: instalação de átrios duplos, manutenção das portas fechadas, etc.);
·    Evitar água estagnada sob os equipamentos de refrigeração, instalando drenos contínuos com sifão que muitos dos materiais disponíveis no mercado não possuem ficha de emissão de poluentes. Sugere-se ainda assim que se faça um esforço no sentido de selecionar materiais tendo em atenção as suas características de emissão de poluentes;
·    Posicionamento de secretárias longe de entradas de ar e de equipamentos como fotocópias;
·    Manter a humidade relativa do ar interior abaixo de 70% nos espaços ocupados;
·    Reposição de caudais de ar;
·    Eliminação de fontes de poluição;
·    Mudança de produtos de limpeza;
·    Instalação de zonas para fumadores em locais adequados e ventilados de acordo com a legislação vigente;
·    Substituição de equipamentos;
·    Mudança da posição de tomada de ar novo.
 
Estas medidas de controlo são apenas exemplos, podendo ser adaptadas e sugeridas dependendo do local em questão.
 
Para refletir: Quando fazemos a coisa certa e nos sentimos bem, não só contribuímos para o nosso bem-estar, como também para o bem-estar dos outros.
 
 
Documentos de Referência:

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