QUALIDADE DO AR INTERIOR
Como referi na semana anterior, o meu estágio irá passar
essencialmente pela Qualidade do Ar Interior nos Centros de Saúde. Desta forma
e após alguma pesquisa decidi deixar uma breve explicação do que consiste a
Qualidade do Ar Interior, bem como os fatores que o podem influenciar, para que
os leitores se possam inteirar melhor acerca desta temática.
Segundo a OMS, vários problemas de
qualidade do ar interior são reconhecidos como importantes fatores de risco no
que diz respeito à saúde humana, tanto nos países desenvolvidos como nos países
em vias de desenvolvimento.
A população passa a maior parte dos
seus dias em ambientes interiores, tais como em suas habitações, nos locais de
trabalho, em centros comerciais, creches, lares de idosos, serviços de saúde, entre
outros.
Cada vez mais se torna preocupante a
qualidade do ar interior na saúde pública, devido ao facto de que nesses
espaços interiores, o desenvolvimento de microrganismos, o uso de produtos de
limpeza, a existência de materiais e equipamentos poluentes, a própria ocupação
humana e a deficiente ventilação e renovação do ar, são alguns dos contributos
para que tanto o número de poluentes como a sua concentração sejam, em geral,
muito mais elevados do que no ar exterior.
A poluição do ar interior, afeta
grupos que são particularmente vulneráveis, devido ao seu estado de saúde e/ou
idade, como as crianças, idosos, asmáticos, entre outros.
Nas causas possíveis que podem estar
na origem dos problemas associados á Qualidade do Ar Interior destacam-se as
fontes de odores e contaminantes (ex. produtos de limpeza), a ocupação humana,
a conceção, funcionamento e manutenção do sistema AVAC (aquecimento, ventilação
e ar condicionado).
Por todas as situações supracitadas,
torna-se cada vez mais preocupante e tem-se destacado mais atenção para os
problemas da Qualidade do Ar Interior. No entanto, o controlo das fontes de
contaminação é, de um modo geral, o meio mais eficiente a utilizar para
melhorar a Qualidade do Ar Interior.
Em que consiste a Qualidade do Ar Interior?
A Agência Portuguesa do Ambiente
define Qualidade do Ar Interior como “as
características químicas, físicas e biológicas do ar interior não residencial,
em locais de trabalho, ex: gabinetes, etc., espaços públicos interiores, não
incluindo espaços interiores industriais ou na presença de operações que possam
afetar o conforto ou saúde do ocupante.”
Fatores que afetam a Qualidade do Ar
Interior
Num edifício a qualidade do ar
interior resulta da interação da sua localização, do clima, do sistema de
ventilação, das fontes de contaminação, bem como do número de indivíduos que
ocupam o mesmo. Desta forma, na tabela seguinte estão alguns fatores que afetam
a qualidade do ar e a sua principal fonte de contaminação.
Tabela I - Fatores e Fontes que
afetam a Qualidade do Ar Interior
Fator
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Fonte
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Temperatura e valores extremos de humidade
|
Colocação imprópria dos dispositivos de medição (termostatos), deficiente
controlo da humidade, incapacidade do edifício de compensar extremos
climáticos, número de equipamentos instalados e a densidade de ocupação.
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Dióxido de Carbono (CO2)
|
Número de
pessoas, queima de combustíveis fósseis, gás, aquecedores, entre outros.
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Monóxido de Carbono (CO)
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Emissões de veículos (garagens, entradas de ar), combustão, fumo do
tabaco.
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Formaldeído
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Madeira
prensada, contraplacado não selado, isolamento de espuma de ureia –
formaldeído, tecidos, cola, carpetes, mobiliário, papel químico.
|
Partículas
|
Fumo, entradas de ar, papel, isolamento de tubagens, resíduos de água,
carpetes, filtros de AVAC, limpezas.
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Compostos Orgânicos Voláteis (COVs)
|
Fotocopiadoras
e impressoras, computadores, carpetes, mobiliário, produtos de limpeza, fumo,
tintas, adesivos, calafetagem, perfumes, laca, solventes.
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Ventilação Inadequada (ar exterior insuficiente, deficiente
circulação)
|
Medidas de poupança de energia e manutenção, má conceção do projeto do
sistema de AVAC, operação deficiente de funcionamento, alteração do sistema
de funcionamento do AVAC pelos ocupantes, conceção desajustada dos espaços em
avaliação.
|
Matéria microbiana
|
Água estagnada
em sistemas de AVAC, materiais molhados e húmidos, desumidificadores,
condensadores das torres de arrefecimento (chillers), torres de refrigeração.
|
APA – Agencia Portuguesa do Ambiente
Efeitos na saúde de deficiente
Qualidade do Ar Interior
Um dos problemas da Qualidade do Ar
Interior mais comentado é o da Síndroma dos Edifícios Doentes (SED), que
consiste num “conjunto de sintomas
relacionados com a exposição a químicos, a partículas ou a material biológico,
que não podem ser relacionados com nenhuma causa específica, mas que é aliviada
quando o ocupante sai do edifício.” (APA)
Os sintomas que se podem manifestar
no ocupante de um edifício com deficiente Qualidade do Ar Interior são:
- Manifestações nasais - irritação nasal com rinorreia e obstrução nasal;
- Manifestações oculares - sensação de secura e irritação da membrana do olho;
- Manifestações orofaríngeas - sensação de secura e irritação da garganta;
- Manifestações cutâneas - pele seca e irritada;
- Manifestações gerais - dores de cabeça, letargia generalizada e cansaço devido á falta de concentração.
Estes sintomas manifestam-se
intensamente no local de trabalho e desaparecem quando se abandona o edifício.
Algumas das manifestações duram o fim-de-semana, mas no período de férias todos
eles desaparecem.
Medidas de Controlo para a melhoria
da Qualidade do Ar Interior
Para terminar, deixo-vos com alguns exemplos de medidas que
podem ser utilizadas como auxilio para a resolução de alguns problemas de
poluição num ambiente interior. São então as seguintes:
· Ajustar os níveis de ventilação à intensidade de
utilização: ventilar com ar novo suficientes;
· Reorganização interior dos espaços de forma a
posicionar os espaços de maior densidade de ocupação em zonas em que seja
possível providenciar os níveis de ventilação recomendados;
· Instalação de dispositivos que permitam uma
abertura controlada das janelas de forma a permitir níveis de ventilação
confortáveis;
· Promover a ventilação do edifício em períodos de
baixa ocupação (ex.: manhã cedo, hora do almoço, etc.);
· Se possível, assegurar a limpeza do edifício ao
fim da tarde, sendo seguida de uma intensa ventilação;
· Dispor de acessos adequados aos componentes do
sistema para a sua inspeção, limpeza e reparação;
· Instalar filtros adequados para controlar a
entrada de partículas e substitui-los regularmente;
· Garantir tanto quando possível, a estanquidade
das ligações ao nível da rua entre o edifício e o exterior (ex.: instalação de
átrios duplos, manutenção das portas fechadas, etc.);
· Evitar água estagnada sob os equipamentos de
refrigeração, instalando drenos contínuos com sifão que muitos dos materiais
disponíveis no mercado não possuem ficha de emissão de poluentes. Sugere-se
ainda assim que se faça um esforço no sentido de selecionar materiais tendo em
atenção as suas características de emissão de poluentes;
· Posicionamento de secretárias longe de entradas
de ar e de equipamentos como fotocópias;
· Manter a humidade relativa do ar interior abaixo
de 70% nos espaços ocupados;
· Reposição de caudais de ar;
· Eliminação de fontes de poluição;
· Mudança de produtos de limpeza;
· Instalação de zonas para fumadores em locais
adequados e ventilados de acordo com a legislação vigente;
· Substituição de equipamentos;
· Mudança da posição de tomada de ar novo.
Estas medidas de controlo são apenas exemplos, podendo ser
adaptadas e sugeridas dependendo do local em questão.
Para refletir: Quando fazemos a coisa certa e nos sentimos bem, não
só contribuímos para o nosso bem-estar, como também para o bem-estar dos
outros.
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